My relationship with my body isn’t the worst, but I wouldn’t say it’s the most functional either. I often don’t see myself as I am. I look in the mirror and every day I’m different, sometimes thin, sometimes fat, sometimes old, sometimes young, sometimes small, sometimes too hairy. In general, I’m grateful to have a functional body and that’s that. But beyond the world of gratitude, it’s not always easy to carry yourself and how you see yourself.
The first time I felt thin was between my first and second years at university. The routine of my life had changed completely and suddenly I lost weight, apparently a lot, and a while later I made peace with my sexuality and entered the dating market, where I was labeled as handsome, something I used to hear more from my mother than from strangers – before that. I think that at the junction of these streets, I associated beauty with thinness and I was supported by a whole world and then a new phase began where I started to think about how I ate and what that would do to me. You see, I love cooking and eating. In my household food has always been a love language. Suddenly, there I was, controlling everything in order to feel beautiful. This phase lasted a long time, or never ended. I never stopped eating anything, but I spent a lifetime controlling impulses and exaggerations and this reflected in various fields of my life, but that’s another conversation. This dynamic wasn’t the worst, but it wasn’t healthy either. The crazy thing about it all is that I didn’t even see myself as thin, I just thought I was OK.
With time and other routine changes, my body fluctuated between less and more slim. Then came age, the subject of this issue. With age came a drop in metabolism and also other stresses that I began to generate with sport. I never wanted to be anything other than thin through sport. But I learned that sport also regulated my mood and sometimes saved me from the despair of dark days.
After 30, you get into a tailspin and your metabolism becomes a suggestion that only responds to strong stimuli. The pandemic hit me hard, age hit, my body changed, the pace of my workouts slowed down and the lockdown slowed everything down and what’s the consequence? The mind and the body, the body…
One day I was bigger, the numbers and letters on my clothes increased and I went on, trying to understand that this was a new me, and that there is beauty in that too. Our bodies fluctuate and why don’t we accept that? There’s no healthy body that can sustain itself without an X routine. The body’s nature is to fluctuate, to age and to change. But why is it so difficult to accept all these changes?
One day it all came together and I also realized that I was no longer looked at the same way at in the bar, I no longer got a free drink from a flirtatious type, I was no longer irresistible with my smile, the 3×4 photo didn’t represent me, I was no longer the same considering the external validation index…. We get older and our bodies change, we don’t even know what hit us. The thing is to cope. Last year, looking at photos from a trip, I decided that I had to take care of my body, for myself, maybe for others too, but more for myself I like to think. Looking at the photos from the trip, I didn’t recognize myself. What’s more, I felt more tired, lazier, and constantly had heavy digestion. Age changes everything, and the crisis is also aesthetic, as the Brazilian senator once said very well.
It’s now been 9 months since I started exercising with the assiduity of a middle-aged non-athlete and I’ve started thinking more about my food again – age changes and like fashion our cycles come and go… I’ve learned that I don’t digest the same things in the same way anymore, that I don’t need the same portions, that I don’t like to get bloated from drinking. I’ve learned that exercise can hurt me in places I never imagined, even if I do everything right, but that it makes me more willing, agile and resilient. I’ve lost a few kilos, some pants, the letters and numbers have changed again, and life goes on. I’m not what I used to be, I probably won’t get any more free drinks at the bar, that was before. Now, I just want to recognize myself in the mirror and maybe in the new 3×4. With the belly size that I think is right for me. I want to bend down without having to struggle to get up, I want to walk around all day like I used to, even if nothing is like it used to be. Let’s grow old with dignity, and let it be defined by ourselves and let us be able to discern what we want by filtering out the patterns that plague us. Strength, gurls! Aging is for the strong!
Minha relação com meu corpo não é das piores, mas também não diria que é a mais funcional. Eu muitas vezes não me vejo como sou. Olho no espelho e cada dia sou um, às vezes magro, às vezes gordo, às vezes velho, às vezes novo, às vezes pequeno, às vezes peludo demais. No geral, grato por ter um corpo funcional e pronto. Mas, para além do mundo gratiluz, nem sempre é fácil carregar a si mesmo e como nos vemos.
A primeira vez que me senti magro foi entre o primeiro e o segundo da faculdade. A rotina da minha vida tinha mudado completamente e de repente eu emagreci, aparentemente bastante, e um tempo depois fiz as pazes com minha sexualidade e entrei no mercado da pegação, onde fui taxado de bonito, algo que eu ouvia mais da minha mãe que dos desconhecidos. Acho que na junção dessas ruas, eu associei beleza com magreza e fui sustentado por um mundo inteiro e daí começou uma nova fase onde eu comecei a pensar em como eu comia e o que aquilo faria comigo. Veja bem, eu amo cozinhar e comer, na minha casa a comida sempre foi uma linguagem de amor. De repente, estava eu ali, controlando tudo para me sentir bonito. Essa fase durou muito tempo, ou nunca acabou. Eu nunca deixei de comer nada, mas passei uma vida controlando impulsos e exageros e isso refletiu em vários campos, mas essa é outra conversa. Essa dinâmica não era das piores mas também não era saudável. O louco nisso tudo é que eu nem me via magro, eu só achava que eu estava OK.
Com o tempo e outras mudanças de rotina, meu corpo foi flutuando entre menos ou mais magro. Até que veio a idade, o tema desta edição. Com a idade veio a baixa no metabolismo e também outros estresses que comecei a gerar com o esporte. Nunca tive o objetivo de ser nada além de magro com o esporte. Mas, aprendi que o esporte regulava também meu humor e me salvou algumas vezes do desespero de dias sombrios.
Depois dos 30, entramos numa ladeira sem freio e o metabolismo vira uma sugestão que só responde a estímulos fortes. Com a pandemia sofri um baque, a idade bateu, meu corpo mudou, a cadência dos exercícios diminuíram, e o confinamento desacelerou tudo e qual a consequência? O mental e o corpo.
Um dia eu estava maior, aumentaram os números e as letras das roupas e eu fui levando, tentando entender que aquele era novo eu, e que há beleza nisso também. Nossos corpos são flutuantes e porque não aceitamos isso? Não tem corpo sarado que se sustente sem uma rotina X. O natural do corpo é flutuar, envelhecer e mudar. Mas porque é tão difícil aceitar essas mudanças todas?
Um dia juntou tudo e percebi também que eu não era mais olhado no bar, eu não ganhava mais um drink de graça, eu não era mais irresistível com meu sorriso, a foto 3×4 não me representava, eu não era mais o mesmo considerando o índice de validação externa…. A gente envelhece e o corpo muda, nem sabemos o que nos atingiu. O negócio é lidar. Ano passado, olhando as fotos de uma viagem, decidi que tinha que tomar conta do meu corpo, por mim, talvez também pelos outros, mas mais por mim mesmo. Revendo as fotos da viagem eu não me reconhecia. Além disso, eu me sentia mais cansado, com mais preguiça, tinha constantemente uma digestão pesada. A idade muda, e a crise também é estética, como bem disse a senadora.
Agora fazem 9 meses que eu passei a fazer mais exercício com assiduidade de um não-atleta de meia idade e voltei a pensar melhor na minha comida – a idade muda e os ciclos voltam… Aprendi que não digiro mais da mesma forma as mesmas coisas, que não preciso das mesmas porções, que não gosto de ficar inchado de bebida. Aprendi que o exercício pode me machucar em lugares que nem imaginava, mesmo fazendo tudo certo, mas que ele me deixa mais disposto, ágil e resistente. Perdi alguns quilos, algumas calças, as letras e números mudaram de novo, e vida que segue. Não sou mais aquele de antes, provavelmente não ganharei mais drinks no bar, isso foi antes. Agora, só quero me reconhecer no espelho e talvez na 3×4 nova. Com a barriguinha que eu achar pertinente pra mim. Quero abaixar sem sofrer para levantar, quero andar um dia inteiro por ai como antes, mesmo que nada seja como antes. Envelheçamos com dignidade, e que essa seja definida por nós mesmo e que possamos discernir o que queremos filtrando os padrões que nos assolam. Força guerreiras! Envelhecer é para os fortes!
Miranda says. 