Life Style/Estilo de Vida

Existe Amor Romântico Para Essas Como Eu? / Is There Romantic Love For The Ones Like Me?

Quando encontro pessoas que me amam de forma romântica e aparentemente saudável, tenho tendência a duvidar do meu valor. Boicoto-me, pois num rincão do meu ser, ainda, acredito que não seja merecedora de tal amor. 

Quase impossível conceber a ideia de que minha corpa é desejada para além do sexual, sabendo-se que na maioria das interações transformo-me em simples orifícios. Sou resumida e lida como corpa ambígua que deve ser escrutinada, corpa estranha que deve ser penetrada. Colocam-me num lugar plastificado em que sou simples boneca inflável. Que eu não seja insolente, por favor!

Bombardearam-nos com imagens de casais cis-héteros desde antes de nos entendermos indivíduas. Determinaram em nosso lugar padrões a serem seguidos, sonhos a serem sonhados. Traçaram-se fronteiras entre o belo, o culto, o digno e as Outras. Que sejamos complacentes, por favor!

Existe amor romântico para essas como eu? Não. Reflexões infindas faço para que consiga gradualmente desconstruir – ou melhor extirpar – o próprio conceito de romance, essa maldita hipocrisia, que me foi imposto. Alimentaram-me como se alimenta um ganso antes do preparo de um foie gras. 

Tento não mais correr atrás das ditas pérolas arremessadas a nós, Porcas. Exercício diário, esse da conscientização de si. Doloroso, não-linear, irrefutável. Porém, emancipador.

Whenever I meet people that love me in a romantic and quite healthy kind of way I usually doubt my value and my worth. I boycott myself since deep down in this very intimate bubble of mine I do believe I do not deserve that kind of love.

It is almost impossible for me to conceive the very idea of my body being desired and cherished in another sphere than the sexual one, because most of the time I become a simple set of holes. I am perceived as this ambiguous body that needs to be scrutinized, this body that needs to be penetrated and taken. I am put in this frozen spot where I am a sex doll. Goddess forbid I am insolent!

We have been bombarded by imageries of cis-straight couples since before we understand about our individuality. It was determined for us models to follow and dreams to be dreamed of. Limits between the beautiful, the cultivated, the dignify against us, the Others were determined as well. Goddess forbid we are not indulgent.

Is there romantic love for the ones like me? No. I constantly reflect on it so I can gradually disconstruct – more like extirpate – the very understanding of romance, this fucking hypocrisy that was imposed on us. I was fed just like we feed geese before we make some foie gras.

Nowadays I try not to run after the pearls thrown to us, swines. Self consciousness is a daily exercice. Pretty painful, non-linear, irrefutable, however liberating.

INSPO INSPO INSPO INSPO INSPO!

« Não queimem
Não queimem
Não queimem as bruxas (Não queimem)
Mas que amem as bixas, mas que amem
Clamem, que amem, que amem » , 

Oração

Linn da Quebrada

Cover image: Unsplash

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