ESTOU CANSADA! Faço eu própria parte das Corpas lidas como abjetas às quais são cominados incessantes golpes. Quando elas avançam, quando avançamos, mesmo que lentamente, nos querem forçar ao retrocesso; Querem nos empurrar para dentro do armário. Este que nos guardaria isolades e invisíveis a olho nu. Afinal, poupemos os pobres e perfeitos homens brancos cis-hétero tradicionais.
O estado mais populoso do meu país, o estado que me viu nascer, tenta insidiosamente apagar os traços de pessoas como eu em propagandas midiáticas. O Estado não nos quer sendo vistes. Não podemos existir orgulhosa, aberta e plenamente, pois causaríamos “desconforto emocional” naqueles que nos veem. A eles, somos ignóbeis, sórdidos e desumanos.
A cada dia que passa, mais me corrói o asco que sinto em relação a esses que nos desejam mortas. Nos querem em seus vídeos pornô, nos querem de madrugada nas esquinas, nos querem em parques escuros e escondidos, MAS NÃO NOS QUEREM EM SEUS LARES.
O bronco Estado não quer aceitar as vivências plurais. Porém, meu caro, trago más notícias: A diversidade é regra universal e absoluta. Existimos e continuaremos a existir, de diferentes formas, tamanhos, cores, sotaques. O tempo é implacável e quando eu e você, caro hétero, não estivermos mais neste plano, outras corpas imperarão por cá. Como imperavam outras antes de mim. Não buscamos ser tolerades ou mesmo integrades neste cis-teminha vil. Propomos, de fato, outras compreensões que desafiam as normas padronizadoras e ceifadoras que tanto se estimam.
O nosso poder é tanto e nossas vozes ressoam tão forte que projetos de lei, como o tosco PL 504, não passam e não passarão. Já nos apossamos de espaços que não abdicaremos mais. Tais projetinhos reles se derrubam pelas nossas calejadas, porém manicuradas mãos de ferro. Somos múltiplas, somos barulhentas, somos estandarte da liberdade e da possibilidade de vida além da chatice que nos é imposta. Viva as boníssimas corpas guerrilheiras.
I AM TIRED! I myself am one of those bodies that are read as abject and that are violetaded with unceasing blows. When these bodies take a few steps forward, when we advance, even if slowly, they want to force us backwards; they want to push us into the closet. The closet that would keep us isolated and invisible to the naked eye. After all, let’s spare the poor, perfect traditional cis-hetero white men.
The most populous state in my country, the state where I was born, insidiously tries to erase the traces of people like me in media advertisements. The state doesn’t want us to be seen. We cannot exist proudly, openly and fully, because we would cause “emotional discomfort” to those who see us. To them, we are ignoble, sordid, and inhuman.
With each passing day, the more sick and disgusted I feel toward those who wish us dead. They want us in their porn videos, they want us on street corners at dawn, they want us in dark and hidden parks, BUT THEY DON’T WANT US IN THEIR HOMES.
The ignorant State does not want to accept plural experiences. But, my dear, I bring you bad news: Diversity is a universal and absolute rule. We exist and will continue to exist, in different shapes, sizes, colors, accents. Time is relentless, and when you and I, dear hetero cis man, are no longer on this planet, other bodies will rule here. As others have reigned before me. We do not seek to be tolerated or even integrated in this vile little cis-tem. We propose, in fact, other understandings that challenge the standardizing and reaping norms that are so cherished.
Our power is so strong and our voices resonate so loudly that bills, like the rudimentary PL 504, cannot and will pass. We have already taken over spaces that we will not give up anymore. Such cheap little bills are overthrown by our calloused, but manicured, iron hands. We are multiple, we are noisy, we are a standard for freedom and for the possibility of life beyond the boredom that is imposed on us. Long live the beautiful warrior bodies.
#LGBTnãoÉmáinfluência #RespeitaHumanidadeLgbt

*Cover pic: kqed.org